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domingo, 28 de outubro de 2012

Destreza


Um minuto
Há um minuto atrás, a noite adormeceu
O dia está escuro, mergulhado em breu
E estou banhado por sangue que não é meu

Romantizem-me à vontade
Não passo de um gauche
Que vaga pelas ruas da cidade
Procurando por coisas que a vida me trouxe

Impiedoso, insensível, delegado às margens da sociedade
Oferecendo ao povo o que o povo quer
Povo este, que com maldade,
Reza por minha alma aos versos de Baudelaire

Sentado, entediado, esperando no necrotério
Até a tão esperada chegada do analista forense
Que por fim, termina o mistério
Causa mortis: panis et circensis

Crystallize


Deite nesse colchão marfim
Gélido, macio como nuvem
Se envolva na neve
Deixe que o frio desequilibre
E te torne mais gelado.

Congele. Crystallize.

Você ouve a música
É um violino de cristal
Seu tom é maravilhoso
Medido com cálculo
E Sinceridade da emoção.

Chore. Crystallize.

Liberta cada membro teu
Doe-se aos flocos que caem
Que cubram você
Que não sinta nada
Que permita não sentir mais
Que só olhe e veja
É Perola em todos os cantos
Sou eu que não sentes mais.

Enquanto segura um Si
E o arco arranha a corda
Feche os olhos. Cristalize
Sinestesie, Sintetize, Sinestesia, O Sinestesiar.

É Sinestesia do gelo e da música
É um só. Eu, você, a neve a batida e o violino.

Crystallize
Congele e chore.
Agora me sentes?
Nos encontramos.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Aqui Jaz


"Aqui jaz Puce, Rust, Sangria e Scarlet
As Gratidões."

Um corvo voou na neblina
E sobrevoou o sino da Igreja
Quando o vento se tornou forte
O sino soou e fez toda ave voar 

Olhos no templo. O bando se dissipa
Uma lágrima escorre e o silêncio é pesado
"Quem veio a falecer?", perguntam aqueles
Ninguém morrerá no dia de hoje
Ninguém. São só meus batimentos ritmados 
Semelhantes ao bater das asas do corvo
Me lembrando de uma parte profunda e escura
Que de mim não separa e nem dissipa 
E que vou precisar sempre
No velório de um antigo sentimento meu
Para conforto e proteção de palavras dolorosas
Para uma desconstrução me desfazer mais uma vez
Perdido nessa louca multidão de preto 
Alguém não mediu palavras perante a mim.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Escarlate













Ele nunca deixa assediarem sua postura
Ele senta sobre um banco de semblante histórico
Analisa as estações, as pessoas, e as aves:
Enquanto procura semelhança, não demonstra...
Não vive, corre, sente

As trepadeiras que se agarravam ao banco
Agora decidiram tomar controle do senhor sempre acomodado
E seu corpo, agora paralisado, via flores parando de cair
E enquanto o outono soltava um beijo antes de partir
Já se via as flores que já em tom beje, tomarem um banho
Um banho alvo, alvo quanto neve

Enquanto seus cabelos tomavam formas novas
Seu corpo também era tomado do branco que o céu chorava
Agora, ele já pensava em não pensar
Em ir, partir, partir com o outono, com a vida

O mundo ia se tornando incolor
Um cinza se apoderava da paisagem
Uma morte convergia; conspirava com o inverno
E agora, seus olhos se aprofundavam no nada

E sua vida ainda adormecida
Observava uma criança
Com um sorriso que amarelava,
que declinava os tons antigos
Que trazia um encontro púrpura entre céu, e mar
Que fazia um sol escarlate se unir céu alaranjado
Que vivia, trazia, que matava, corrompia

Com o sopro vindo sobre a primavera
O levantava, afrontava, fazia que:
Enquanto a água de outrora empoçava
O homem se levantava
Dançava em júbilo, e vivesse

Agora, a alegria se fez vindoura
A cruz se fez sombra através do sol 
Sol escarlate

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Não Esconda A Ti Mesmo


Todos desejam chuva
Mas quando o primeiro pingo cai
Correm para baixo dos tetos
E cobrem-se da cabeça aos pés.

Todos almejam a mudança
No entanto abaixam a voz e a cabeça
À medida que o mundo por inteiro
Vai pesando, cada vez mais, nas costas.

Todos querem Eldorado e prata
Mas se a busca é árdua... que busca?
Vestem máscaras sorridentes
E guardam as metas na gaveta.

Ninguém quer Frio
Ninguém quer calor
Estão todos exatamente onde queriam estar
Quão irônico podem ser para si?
Com isso vão se livrando dos sonhos
Deixando a vida na gaveta.

Sentimos a vida num banho de chuva
Ao nos comover com o sofrimento
E não quando paramos na esquina
Com medo de escolher o caminho errado
Medo de continuar e deixar nossa alma ali.

Não há nem como fugir!
Não fuja do mundo dos sonhos
Cada um de nós no nosso próprio mundo
Onde somos e vibramos exatamente como somos.

E lá, vivemos. Vivemos para colocar uma cor de cada vez no monocromático. Uma de cada vez.